terça-feira, 22 de abril de 2008

PCC: Estudo de Caso

Entrevista com uma professora da rede pública:
1. Qual a função social da sua escola?
Auxiliar na construção de cidadãos, valorizando sua interação com as informações variadas, buscando uma sociedade crítica, mais humanizada e com desenvolvimento sustentável.

2. Você considera sua atividade profissional como educativa?
Sim. Como professora exercemos múltiplas funções dentro de nossa profissão: somos orientadores, amigos e educadores. Acredito ser humanamente impossível se relacionar com pessoas durante um bimestre inteiro sem ter um contato mais carinhoso, conselheiro, mesmo sabendo que nosso trabalho consiste em mediar a construção do conhecimento.

3. Como seu trabalho entrelaça a cultura escolar com a cultura da escola?
Na vivência diária com as “escolas” descobrimos aos poucos como devemos direcionar nossas habilidades didáticas e nosso relacionamento com alunos, direção, etc. Mesmo conhecendo a Cultura Escolar (aparentemente parecidas), a convivência com realidades diferentes (cultura da escola), exige uma adaptação do método docente, evitando problemas futuros nas interações sociaise buscando um melhor aproveitamento dos educandos.

4. A comunidade participa da escola?
A interação comunidade-escola nunca esteve tão atual “na moda e na mídia” como agora. Mesmo assim, na prática a participação da comunidade é mínima: algumas campanhas de conscientização (exemplo: combater a dengue), movimentos de solidariedade (Exemplo: arrecadação de recursos para famílias carentes), e reuniões de pais. Talvez a vida atual muito corrida, o egoísmo capitalista e o individualismo que nos cerca, sejam as forças principais que separam a escola de seus principais interessados.

5. Os alunos participam da organização/gestão?
A cultura de cada escola é diferente, mesmo assim segundo minha experiência, em todas que trabalho ou já lecionei a participação do aluno é mínima. Sugestões são ouvidas sim, mas essa interação não é cotidiana. E nesta escola atual que leciono, infelizmente não foge à regra.

6. Como você caracteriza a relação entre professores e alunos?
Partindo do princípio de que toda generalização é burra, existem “alunos e alunos”, logo as relações são diferenciadas. Em algumas turmas a aula acontece com mais alegria, interação, descontração, enquanto em outras assumir uma postura mais rígida se faz necessária para um melhor aproveitamento da aula.

7. Como você caracteriza a relação entre alunos e direção? E a relação entre professores e direção?
As culturas das escolas fazem toda a diferença nessas relações. Em minha escola atual todos conversam, trocam sugestões, e têm relações de companheirismo.

8. O que você considera mais relevante no contexto político e pedagógico da escola?
Francamente falando, este documento que deveria ser construído, discutido e reformulado por todo o corpo escolar é algo desconhecido na escola que leciono. Não sei se existe, nem seus pontos fortes ou fracos. A ausência desse documento é um erro coletivo, eu admito.

Análise da equipe Pitágoras utilizando a entrevista:
Com tantas respostas obtidas necessitamos fazer uma relação com a disciplina de organização escolar, onde concluímos que a escola é uma instituição social que trabalha com o conhecimento historicamente organizado. Ela só tem sentido se articulada com a sociedade. Nas quais os conteúdos trabalhados na escola estão presentes nas práticas sociais. Cada professor tem um papel fundamental nesse processo. Sua forma de atender e entender os alunos, sua forma inclusiva de trabalhar, sua capacidade de perceber e ler a realidade social e intervir para transformá-la, acreditando na possibilidade de mudança. Desenvolvendo um ensino de qualidade, capaz de ajudar os alunos a desenvolverem capacidades cognitivas e operativas para interagir na resolução dos problemas do seu dia-a-dia. Para tal, os profissionais da educação, a partir da pesquisa constante da sua própria prática, devem pensar novas formas de trabalhar, de modo a atingir o perfil cognitivo dos alunos, trabalhando conteúdos significativos que os ajudem a avançar em relação a sua realidade imediata estabelecendo relações com o contexto social mais amplo.
Quando perguntada, sobre a participação dos alunos na organização/gestão escolar, a resposta foi curta e sem rodeios: “a participação dos alunos é mínima. As sugestões são ouvidas, mas a interação não é cotidiana. A relação entre professores e alunos é diferenciada. Em algumas turmas as aulas acontecem com mais alegria, interação, descontração, enquanto em outras assumem uma postura rígida onde se faz necessária para um melhor aproveitamento da aula.”
Quando menciona o fato de utilizar uma postura mais rígida frente a determinadas turmas, a entrevistada mostra uma realidade da educação nacional, que enfrenta sérios problemas de indisciplina de alunos, mostrando o total desrespeito aos educadores.
Quando a escola procura realizar um trabalho de mediação, cujos pressupostos são interação, vistas no sentido de contribuir com a autonomia dos indivíduos, faz um percurso de mediação pedagógica, buscando atingir determinados fins, em direção a um trabalho voluntário e intencional para que o aluno torne-se ativo na busca e aquisição de informação, na significação do conhecimento, na reflexão das práticas sociais, capaz de relacionar conceitos teóricos com realidades práticas, de produzir conhecimentos mudanças, relacionando e contextualizando experiências dando sentido às diferentes práticas da vida cotidiana; crítico na sua capacidade de considerar e olhar para os fatos e fenômenos sob diferentes ângulos; pesquisador, aberto ao diálogo, capaz de comparar posições e teorias e resolver problemas, e desenvolver competências pessoais e profissionais, agir voluntariamente e compreender a destinação de todas as suas ações, tanto individuais como para a vida em sociedade.
Quando perguntamos o que é considerado como mais relevante no contexto político pedagógico da escola. Obtivemos como resposta que “é um documento que deveria ser construído, discutido e reformulado por todo o corpo escolar”. Porém é visto como algo desconhecido, relatando ainda saber da existência do erro, mas tem consciência que este é um erro coletivo. É de fundamental importância que a escola se organize de forma a proporcionar condições para uma ampla participação de professores, alunos, especialistas, funcionários, pais, representantes dos diferentes segmentos sociais da comunidade, todos trabalhando em função de um objetivo comum, onde num esforço coletivo se decidam as linhas mestras norteadoras da ação educativa. Nesse sentido, o projeto político-pedagógico deve fundamentar-se em pressupostos filosóficos e metodológicos que objetivem a qualidade de vida e a realização humana. O projeto político-pedagógico vai além de um simples agrupamento de planos de ensino e de atividades diversas. Ele deve garantir a unidade de ação na escola, ou seja, nortear as ações de seus agentes. Portanto, isto exige a definição clara dos objetivos e metas a serem atingidas pela comunidade interna e externa daquela unidade escolar. Intenção, esta, expressa num compromisso sócio-político-educacional daquela população envolvida no processo de planejamento. É político no sentido de compromisso com a formação do cidadão para um tipo de sociedade. É pedagógico no sentido de definir as ações educativas e as características necessárias para que a unidade escolar cumpra seus propósitos e sua intencionalidade.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Crônica do filme: Ponto de Mutação

Desde há muito tempo usamos uma visão mecanicista do mundo, pensamento iniciado por Descartes no século XVII. Essa visão mecânica das coisas da vida foi e erroneamente continua sendo a predominante no mundo científico, e assim difundida às pessoas comuns. Visão equivocada sim, pois o mundo e seus sistemas complexos avançam mais rápidos que a percepção humana. Mesmo assim, continuamos a viver e aprender nas cartilhas escolares que o avanço da ciência significaria o avanço da raça humana. Não questionamos se a nova descoberta científica é de fato uma evolução, se realmente está direcionada a combater os problemas sociais, e estudar a questão ética e moral. Como por exemplo, devemos nos perguntar se a fissão nuclear, ou o acúmulo de plutônio vale tanto a pena. É claro que não, basta compararmos o benefício e o risco mil vezes maior de se estudar e trabalhar com tais questões letais à sobrevivência da raça humana.
A questão ética e a colaboração em enfrentar os problemas das pessoas deveria ser o guia e o caminho que a ciência deveria seguir, porém o que se vê é a intenção primordial de se atender aos interesses capitalistas que financiam pesquisas científicas na busca de obterem mais lucro. O mais espantoso disso é que não discutimos ética e valores morais nas universidades. Essa discussão essencial para a vida e senso crítico das pessoas, infelizmente não faz parte do conteúdo estudado, que se concentra em matérias técnicas voltadas à preparação de mão-de-obra que se encaixe nessa máquina que movimenta o capitalismo.
Precisamos ter uma nova ciência que não divide o todo em partes (visão cartesiana), mas sim entender que os problemas complexos se inter-relacionam, isto é, que a natureza é formada por uma teia de relações que são totalmente interdependentes. Não se deve estudar um membro isoladamente, mas sim compreender qual o seu papel no sistema maior organizado. Assim como também nas salas de aula, deveríamos incentivar o intercâmbio entre disciplinas distintas a fim de buscar um propósito maior e mais próximo da organização existente na natureza.
Durante muito tempo nos foi ensinado que saber é poder (lembramos muito bem do dia em que ouvimos isso de professores da universidade!), porém não devemos aceitar essa idéia. Na verdade, essa é uma idéia individualista (e que o capitalismo tanto incentiva) que deixa em segundo plano o propósito de benefício para a humanidade. É uma busca egocêntrica e mesquinha que põe em risco a natureza e a raça humana.
O que precisamos é de uma sociedade sustentável, ou seja, de uma ciência nova que satisfaça as necessidades humanas sem prejudicar as gerações futuras.