terça-feira, 15 de abril de 2008

Crônica do filme: Ponto de Mutação

Desde há muito tempo usamos uma visão mecanicista do mundo, pensamento iniciado por Descartes no século XVII. Essa visão mecânica das coisas da vida foi e erroneamente continua sendo a predominante no mundo científico, e assim difundida às pessoas comuns. Visão equivocada sim, pois o mundo e seus sistemas complexos avançam mais rápidos que a percepção humana. Mesmo assim, continuamos a viver e aprender nas cartilhas escolares que o avanço da ciência significaria o avanço da raça humana. Não questionamos se a nova descoberta científica é de fato uma evolução, se realmente está direcionada a combater os problemas sociais, e estudar a questão ética e moral. Como por exemplo, devemos nos perguntar se a fissão nuclear, ou o acúmulo de plutônio vale tanto a pena. É claro que não, basta compararmos o benefício e o risco mil vezes maior de se estudar e trabalhar com tais questões letais à sobrevivência da raça humana.
A questão ética e a colaboração em enfrentar os problemas das pessoas deveria ser o guia e o caminho que a ciência deveria seguir, porém o que se vê é a intenção primordial de se atender aos interesses capitalistas que financiam pesquisas científicas na busca de obterem mais lucro. O mais espantoso disso é que não discutimos ética e valores morais nas universidades. Essa discussão essencial para a vida e senso crítico das pessoas, infelizmente não faz parte do conteúdo estudado, que se concentra em matérias técnicas voltadas à preparação de mão-de-obra que se encaixe nessa máquina que movimenta o capitalismo.
Precisamos ter uma nova ciência que não divide o todo em partes (visão cartesiana), mas sim entender que os problemas complexos se inter-relacionam, isto é, que a natureza é formada por uma teia de relações que são totalmente interdependentes. Não se deve estudar um membro isoladamente, mas sim compreender qual o seu papel no sistema maior organizado. Assim como também nas salas de aula, deveríamos incentivar o intercâmbio entre disciplinas distintas a fim de buscar um propósito maior e mais próximo da organização existente na natureza.
Durante muito tempo nos foi ensinado que saber é poder (lembramos muito bem do dia em que ouvimos isso de professores da universidade!), porém não devemos aceitar essa idéia. Na verdade, essa é uma idéia individualista (e que o capitalismo tanto incentiva) que deixa em segundo plano o propósito de benefício para a humanidade. É uma busca egocêntrica e mesquinha que põe em risco a natureza e a raça humana.
O que precisamos é de uma sociedade sustentável, ou seja, de uma ciência nova que satisfaça as necessidades humanas sem prejudicar as gerações futuras.

Nenhum comentário: